quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Hipermetropia


Definição 
Ametropia em que a pessoa tem má visão ao perto

Epidemiologia 
Existe hipermetropia do recém-nascido fisiológica que diminui nos primeiros anos de vida. Contudo cerca de 20% dos jovens adultos apresenta hipermetropia superior a 1D (dioptria).

Fisiopatologia 
Na hipermetropia, os raios de luz paralelos de um objecto convergem num ponto luminoso atrás da retina.


Etiologia

  • Axial (olho muito pequeno) 
  • de índice (poder refrativo insuficiente num olho de tamanho normal – menos frequente) 
  • de curvatura – curvatura pequena das superficies refrativas 
  • afaquia (ausência de cristalino) 

Manifestações Clínicas 

  • Visão desfocada para perto; 
  • O individuo hipermétrope tem de estar sempre em acomodação para trazer o ponto focal para a retina. Esta acomodação constante por contração do musculo ciliar leva a sintomas de cansaço chamada de: Astenopia acomodativa – devido a contração constante do músculo ciliar na tentativa de focagem – com sintomas de cefaleias, dor e lacrimejo;
  • Estrabismo convergente acomodativo, pode ocorrer principalmente em crianças;
  • O olho hipermétrope possui um diâmetro Antero-Posterior (A-P) pequeno associado muitas vezes a uma câmara anterior pouco profunda (baixa) o que pode levar a um aumento do risco de glaucoma de ângulo fechado;
  • Vasos com trajecto turtuoso,
  • Hipertrofia do músculo ciliar.


Diagnóstico 
O diagnóstico é normalmente feito durante o exame objectivo na consulta.
O retinoscópio ou o autorefractómero podem ser utilizados para uma examinação inicial do estado refractivo do olho (refrecção objectiva). Podem ainda ser utilizadas diferentes lentes para determinar a refracção (refracção subjectiva).

Tratamento 
O tratamento consiste essencialmente em lentes correctivas convexas/ convergentes/ positivas (deslocam o ponto focal para a retina).

Miopia


Definição 
Ametropia em que a pessoa tem má visão para objectos à distância


Epidemiologia 
É a ametropia mais comum. Ocorre em 25%  das pessoas entre os 20 e 30 anos, tendo refracção inferior a -1D.

Fisiopatologia 
Na miopia, os raios de luz de um objecto à distância são focados anteriormente à retina e por isso a imagem na retina apresenta-se desfocada. Produz imagens bem definidas apenas de objetos próximos.
Na maioria dos casos ocorre por aumento do eixo do olho. A distância abaixo da qual o míope consegue ver as imagens focadas depende do grau da miopia. Um míope com cerca de 2 D (dioptrias) consegue ver objectos a cerca de 50 cm de distância.

Etiologia
Apesar da etiologia ser desconhecida existe um padrão familiar que sugere influência genética

  • Axial (olho longo com poder refrativo normal)
  • de índice (poder refrativo excessivo num olho de comprimento normal) 
  • de curvatura (aumento da curvatura das superfícies refrativas)


Pode ter duas apresentações clinicas diferentes:
- Miopia Simples
Início em idade escolar 10/12 anos que estabiliza entre os 25-30 anos. Existe uma predisposição genética ocorrendo exacerbação a trabalho ao perto e normalmente abaixo das 6 dioptrias.
- Miopia Patológica
Surge mais precocemente e com dioptrias acima das 6. Associada a alterações degenerativas corio-retinianas e diminuição da espessura das camadas da retina.
Existe uma predisposição aumentada para descolamento da retina, glaucoma e estafiloma (ectasia de tecido uveal através de um ponto de fraqueza do globo ocular).

Manifestações Clínicas 

  • Má visão para longe 
  • Olhos grandes, proeminentes e semicerrados (efeito de buraco estenopeico – diminui o erro refrativo) 
  • No olho míope ocorre um alongamento do globo ocular com afinamento das camadas de revestimento:
    • Diminuição da espessura da esclerótica 
    • Pseudoesotropia 
    • Câmara anterior profunda 
    • Atrofia do músculo ciliar 
    • Descolamento vítreo posterior, que resulta em opacificações, como se fossem moscas volantes 
  • Á fundoscopia identifica-se: 
    • Áreas de Atrofia coroidorretiniana
    • Crescente miópico temporal – área concêntrica de despigmentação 
    • Estafiloma


Diagnóstico
O diagnóstico é normalmente feito durante o exame objectivo na consulta.
 O retinoscópio ou o autorefractómero podem ser utilizados para uma examinação inicial do estado refractivo do olho (refrecção objectiva). Podem ainda ser utilizadas diferentes lentes para determinar a refracção (refracção subjectiva).

Tratamento 
Utiliza-se lentes correctivas concavas/ divergentes ou negativas (deslocam o ponto focal para a retina). Correcção óptica da miopia deve ser o mais baixa possível, para não causar hipermetropia, o que obrigaria o doente a usar o músculo ciliar que se encontra atrofiado neste doentes.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Acuidade Visual

A acuidade visual pode ter várias definições: 
  • resolução central em condições de elevado contraste
  • função visual que exprime a capacidade discriminativa das formas, permitindo o reconhecimento de separação entre 2 pontos distintos.
Limite de resolução
Para que o olho perceba 2 pontos distintos temos de ter pelo menos um fotorecetor não estimulado na retina entre 2 fotorecetores estimulados. Assim teoricamente o poder máximo de resolução do olho humano corresponde ao diâmetro de um fotorecetor na fóvea ou seja, cerca de 24 segundos de arco. O limite de resolução é definido como o ângulo mínimo de resolução (24s arco) que permite ao sistema ótico identificar dois pontos como estímulos diferentes.

Avaliar a acuidade visual
A acuidade visual é testada pedindo ao doente que identifique caracteres num quadro a uma determinada distância, com símbolos a negro, num fundo branco para máximo contraste. Os caracteres denominam-se optotipos.
A tabela de Snellen com letras é um dos exemplos que pode ser usado para avaliar a acuidade visual.
Notação da AV: a acuidade visual do individuo é notada através de uma fração: Performance do indivíduo /performance standard, ou seja distancia a que o individuo reconhece o objeto e distancia standard.

Classificação da acuidade visual
  • Polegadas: 20/20 – unidade utilizadas nos Ettados Unidos da América
  • Métrica: 6/6 – unidade usada no Reino Unido
  • Decimal: 10/10
Estes valores correspondem à distância considerada standard a que um individuo consegue identificar uma imagem com um detalhe mínimo correspondente a 1 minuto de arco. Uma visão de 20/20 ou 10/10 ou correspondente à unidade é considerada a performance nominal para a visão à distância, e corresponde à capacidade de separar visualmente linhas que se encontram separadas por 1 minuto de arco. Esta capacidade consiedrada standard funciona como um cut off arbitrário e não deve ser considerada a capacidade visual máxima ou normal, já que é frequente serem alcançadas acuidades visuais superiores em indivíduos sem patologia

Outra forma de classificar a acuidade visual:
Se o individuo for incapaz de ler a letra a qualquer distancia que lhe for apresentada deverá ser sequencialmente testada a capacidade de :
Capacidade de contar dedos à visualização de vultos à com percepção luminosa (capacidade de identificar estímulos luminosos) à sem percepção luminosa (cegueira)

Sistema óptico

Refracção
Para que um objeto possa ser visto claramente é necessário a convergência dos raios luminosos que entram paralelos no olho, no ponto focal na retina coincidente com a fóvea. Esta convergência diz-se que é a refração dos raios luminosos e que depende de determinadas estruturas que vão funcionar como lentes.
Os raios sofrem refração por estruturas que funcionam como lentes. Lente é a estrutura que vai provocar um desvio na direção dos raios luminosos.

O poder máximo de refração máximo do olho normal é de 63 dioptrias: 43 dioptrias pela córnea (a estrutura que tem maior índice refrativo), seguida do cristalino que tem um índice de refração de 10 a 20 dioptrias dependendo do fenómeno de acomodação.

Estrutura
Índice refractivo
Lágrima
-
Córnea
1.376
Humor aquosos
1.336
Cristalino – pólos
1.385
Cristalino - core
1.406
Vítreo
1.336
O índice de refracção é a capacidade de um meio desviar  a direção dos raios luminosos.
Segundo a Lei de Snell, a refracção de um feixe luminoso depende do seu ângulo de incidência e da diferença de indíce refractivo entre os meios que cruza.
O quadro representa a índice refractivo das diferentes estruturas do olho
O comprimento axial do olho “normal” é de cerca de 23,5 mm.

Mecanismo de acomodação
O mecanismo de acomodação só é permitido devido à anatomia do cristalino que se encontra suspenso pelas zónulas.  A refração aumenta quando o músculo ciliar contrai, que faz com que a zónula relaxe e o cristalino assume uma forma natural mais redonda, com aumento do diâmetro antero-posterior e por sua vez aumento do índice refrativo – permite a focagem de objetos mais próximos do plano da retina. Esta capacidade perde-se com a idade devido ao aumento da rigidez do cristalino, levando ao aparecimento da presbiopia.


A diopetria é então a unidade de medida da capacidade refrativa de uma determinada lente e consiste no recíproco da distância focal. Se o ponto focal se encontrar atrás da lente estamos na presença de uma lente convergente e o poder refrativo desta lente é considerado positivo. Se o ponto focal se encontrar à frente da lente trata-se de um sistema refrator divergente e poder refrativo da lente é negativo.

Emetropia
O olho emétrope é aquele que em repouso possui o foco da imagem exatamente na retina, usando o fenómeno de acomodação apenas para ver ao perto.
A relação entre o poder refrativo do olho e o comprimento axial do olho é balanceado e a visão é nítida. Contudo a emetropia não corresponde necessariamente a uma boa acuidade visual, já que o olho pode ter outro distúrbio que reduza a qualidade da visão.
O olho em estado de emetropia não necessita de correcção.

Ametropia
A ametropia é o erro refractivo do olho. A relação entre o poder refrativo do olho e o comprimento axial do olho é desbalanceado.
Dentro das diferentes ametropias, podemos encontrar:
·         Miopia (quando o ponto focal é anterior à retina) 
·         Hipermetropia (quando o ponto focal é posterior à retina) 
·         Astigmatismo (quando não há ponto focal)

As ametropias são provocadas por alterações no trajeto dos raios luminosos. As ametropias podem ainda ser classificadas de acordo com o que as causa.

Ametropias axiais
Relacionadas com o diâmetro A-P do olho.
O olho tem um poder refractivo normal, mas os objectos não focam na retina devido a alterações no comprimento do eixo do olho
Se o eixo for longo temos uma miopia axial
Se o eixo for curto temos uma hipermetropia axial

Ametropias refractivas (ou de índice)
Ocorrem por alteração do poder refrativo das estruturas do olho.
O olho tem um comprimento axial normal, mas os objectos não focam na retina devido a alterações refractivas (tanto da córnea como do cristalino), estando o poder refractivo aumentado ou diminuído.
Se o índice refractivo estiver aumentado temos um miopia de índice
Se o índice refractivo estiver diminuído temos uma hipermetropia de índice

Ametropias de curvatura de superficie
Ocorre por alterações de curvatura da córnea ou do cristalino
Se a curvatura for pequena temos uma hipermetropia de curvatura
Se a curvatura for grande temos uma miopia de curvatura
Se a curvatura for irregular temos astigmatismo

Ametropias de posição
Ocorrem por deslocamento anterior ou posterior do cristalino
Se o deslocamento for anterior temos uma miopia
Se o deslocamento for posterior temos uma hipermetropia
As ametropias de superfície são causadas por qualquer alteração da curvatura da córnea ou do cristalino.

Afaquia – define-se pela ausência de cristalino.